A sentença que condena 23 ativistas, expedida ontem pelo juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, constitui mais um triste capítulo de criminalização dos movimentos sociais e da luta popular, recorrente na frágil história democrática brasileira. A condenação insere-se em um contexto de recrudescimento da repressão a ativistas e manifestações populares, a partir de junho de 2013. Nas páginas do processo judicial, a ponta da caneta que decide reencontra a ponta da arma que dispara contra a justa indignação popular.
Os acontecimentos que se seguiram nestes cinco anos desde 2013 apenas provaram o acerto das denúncias ecoadas nas ruas. Os escândalos de desvio de dinheiro público, pagamento de propinas, conluio entre gestores públicos e empresas privadas, levaram o Rio de Janeiro à maior crise política e financeira de sua história. Lembrar hoje dos movimentos autônomos de ocupação de espaços públicos, como o Ocupa Câmara e o Ocupa Cabral, é necessariamente reconhecer a legitimidade e precisão das bandeiras que carregavam.
A afirmação intransigente do direito ao protesto, à liberdade de expressão e manifestação, se faz hoje mais necessária do que nunca, em um cenário de intervenção federal e contínua perseguição à luta política e aos defensores de direitos humanos. Todo o apoio aos 23! Que sua coragem e altivez continue a nos inspirar na busca por uma sociedade mais justa e igualitária.