Diante do cenário brasileiro no combate à pandemia da Covid-19, a crise política que envolve o país tem causado preocupação de organizações e movimentos sociais. Em carta endereçada a Josep Borrell, alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Justiça Global, Conectas, FIDH e MNDH cobram para que os países que compõem o grupo se posicionem sobre o fracasso do governo federal em responder adequadamente à disseminação do novo coronavírus no Brasil.
A carta chama atenção pela preocupante situação da saúde pública. Com o registro diário de mais de 1.000 mortes ocasionadas pelo coronavírus no país, as organizações pedem uma resposta por parte da União Europeia, naquilo que consideram “desvio do governo de evidências científicas e recomendações médicas”.
Se aproximando do 100° dia de quarentena, as entidades destacam que o governo federal trocou sucessivamente o Ministro da Saúde. Lembram ainda da insistência do presidente Jair Bolsonaro, em minimizar a crise, chamando a COVID-19 de “gripezinha”.
O posicionamento do governo federal, segundo a carta, vem incentivando a população a desobedecer às medidas de bloqueio adotadas pelas autoridades locais. O vírus que afetou desproporcionalmente pobres, negros, populações indígenas e quilombolas, faz com que especialistas temam que o pico da pandemia ainda não tenha sido atingido.
O texto destaca que Bolsonaro vetou, na semana passada, o uso de um fundo de emergência destinado a apoiar comunidades afetadas – medida que incentiva ainda mais as pessoas a saírem da quarentena.
As entidades alertam que “É essencial que a comunidade internacional condene inequivocamente os ataques contra a democracia e o estado de direito perpetrados pelo governo, bem como seu fracasso em responder adequadamente à propagação da pandemia no país”.
Ainda segundo as entidades, “Os tratados fundadores da UE estabelecem o fortalecimento e o apoio à democracia, ao estado de direito, aos direitos humanos e aos princípios do direito internacional como um dos principais objetivos da política externa da União”.
Por conta dessa crise, as organizações se veem alarmadas com as declarações do presidente. E pontuam que as ações do governo federal já tiveram sérias ramificações para o povo brasileiro – liderando o país em uma crise política e de saúde sem precedentes.
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