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Racismo, prisão arbitrária e uso desproporcional da força: o caso de Igor e Thiago não é isolado. Exigimos investigação e justiça!
Nota de posicionamento da Justiça Global
Na madrugada desta segunda-feira (24), o jornalista Igor Melo de Carvalho, de 32 anos, foi baleado por um policial militar da reserva na Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro–RJ. Igor, que também trabalha como garçom, estava saindo do serviço quando foi acusado injustamente de um roubo de celular pela esposa do militar.
O disparo atingiu órgãos vitais: Igor perdeu um rim e teve o baço perfurado. Ele ficou hospitalizado sob custódia. Já Thiago Gonçalves, motociclista de aplicativo que o acompanhava, foi preso sob a mesma acusação. Após a audiência de custódia, os dois foram liberados na tarde desta terça-feira (25). O caso é acompanhado pela Comissão Popular de Direitos Humanos.
É necessário destacar que não há “confusão” quando se trata de violência policial contra a população negra e periférica. O que existe é racismo estrutural orientando abordagens e reações violentas, atravessando inclusive as tecnologias utilizadas para sua execução, seja na escolha de alvos pela vigilância, no uso seletivo de câmeras corporais ou na automação de sistemas que reforçam padrões discriminatórios.
Essas práticas não são falhas ou excessos isolados, mas parte de um sistema que perpetua a criminalização e o genocídio da população negra. Esse mesmo racismo também se manifesta na criminalização e no encarceramento em massa da população negra, que lota as prisões do país por meio de reconhecimentos falhos, provas frágeis e processos marcados por injustiças.
Prisões arbitrárias, como a de Thiago, não são exceções, mas sim a regra de um sistema penal que seleciona quem deve ser punido e quem tem o benefício da dúvida.
Acrescentamos ainda, que mesmo se houvesse qualquer suspeita de delito, o policial deveria ter seguido os protocolos internacionais sobre o uso da força, que determinam a estrita necessidade e proporcionalidade no uso de armas de fogo.
Nos solidarizamos às vítimas, aos seus familiares e seus amigos. Exigimos:
- Investigação rigorosa e imparcial sobre o caso;
- Responsabilização do policial que efetuou o disparo;
- Adoção de medidas para que tragédias como essa não se repitam.
Basta de violência policial!