Hoje, em Brumadinho, faltam 281 pessoas. Passado um ano do rompimento da Barragem I, da Mina Córrego do Feijão, que levou a morte de 270 pessoas e o desaparecimento de outras 11, ainda é difícil dimensionar os impactos causados pela Vale. O modelo de exploração mineral brasileiro mitiga vidas. Principalmente, quando se tratam de pessoas negras e pobres, como apontou um estudo realizado pelo PoEMAS (UFJF) que traçou o perfil de raça e renda dos maiores afetados pelo rompimento da barragem em Brumadinho. Esse crime representa ainda a morte de um rio, o Paraopeba, cuja bacia engloba 48 municípios, banhando, inclusive, terras indígenas que dependiam do rio para a manutenção dos seus meios de vida.
A Justiça Global vem denunciando sistematicamente os abusos e violações cometidos pela Vale e atua para a responsabilização da empresa. No ano passado, com parceiros, apresentamos à CIDH o caso do rompimento da Barragem do Fundão (Samarco/Vale/BHP Billiton) que tirou a vida de 19 pessoas, e afetou toda a Bacia do Rio Doce, que sofrem até hoje com o descaso da mineradora, que não indeniza nem reconhece o direito das pessoas afetadas.
Neste dia 25 de janeiro, dia de luta e luto, manifestamos nossa solidariedade a todas as pessoas afetadas pelo rompimento da barragem em Brumadinho, e também o nosso apoio a todos os movimentos sociais e organizações que vêm lutando junto aos afetados pela responsabilização da Vale, pela devida reparação e, principalmente, para que se implementem ações concretas para que outros crimes como esse não venham a se repetir.
Além da evidente responsabilidade da empresa, compreendemos que o Estado brasileiro é igualmente responsável pelas violações ocorridas dada a falta de fiscalização adequada, a omissão e a não responsabilização das empresas mineradoras pelos danos cometidos. A luta por justiça seguirá, não somente pela reparação econômica, mas pela reparação integral a todas as vítimas de violações cometidas pela Vale nos quatro cantos do mundo.
A memória das pessoas atingidas pela Vale em Brumadinho não se apaga. A saudade e a dor permanecem e viram combustível para seguir a luta!
Justiça Global