Data: 20/02/2024 | Prazo para inscrições: 20/02/2024
Heloisa, 3 anos, setembro de 2023. Eloáh, 5 anos, agosto de 2023. Dijalma, 10 anos, julho de 2023. Juan Davi, 11 anos, janeiro de 2023. Emily, 4 anos, 2020. Rebeca, de 7 anos, 2020. Kauan Vítor, 11 anos, 2020. Ágatha Félix, 8 anos, 2019. A região metropolitana do Rio de Janeiro bateu recorde no número de crianças baleadas durante tiroteios no ano passado, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (29) pelo Instituto Fogo Cruzado. Em 2023, 25 crianças foram baleadas na região, e 10 delas morreram. Em vários casos, a polícia foi autora dos disparos. A Plataforma Futuro Exterminado, do mesmo instituto, contou 601 crianças e adolescentes baleados na Grande Rio entre 2016 e 2023. Quase metade dos casos (48%) ocorreu durante operações policiais.
As feridas também marcam a experiência de várias crianças que vivem em periferias. No último dia 08 de fevereiro, véspera do Carnaval, várias crianças – já fantasiadas – tiveram que deitar no chão de um colégio no Conjunto de favelas da Maré, Zona Norte, para se proteger de um tiroteio durante uma operação policial. No Jacarezinho, onde os moradores enfrentaram mais de 20 dias de incursão policial, inclusive na virada do ano, uma criança de 10 anos relatou ao serviço médico ter perdido a vontade de viver. A violência ainda atinge as crianças quando seus entes são feridos ou assassinados, desestruturando a família e a rede de apoio.
São dias sem aula, sem serviços de saúde, com direitos de ir e vir restritos, traumas acumulados e uma infância ameaçada. O impacto da violência policial e militarização de periferias, espaços ocupados sobretudo pela população negra, atravessa gerações e compromete o futuro.
Pensando em desenvolver estratégias para lidar com as ações violentas do Estado, a Plataforma de Direitos Humanos Dhesca Brasil, com apoio das organizações filiadas Ibase e Justiça Global, convidam movimentos sociais, defensores/as de direitos humanos, pesquisadores/as e familiares para uma escuta popular sobre a infância negra e violência policial no Rio de Janeiro. O evento será em 20 de fevereiro (segunda-feira), no auditório do Ibase.
Este diálogo é crucial para enfrentar os casos crescentes de violência policial e a crise na segurança pública, que impacta cada vez mais precocemente as crianças negras. O diálogo vai resultar em um relatório que deve servir de base para formulações de políticas e para cobranças junto às autoridades pela proteção da infância.
Inscrições:
A participação no evento deve ser feita mediante cadastro no link abaixo. Convidamos especialmente os/as moradores de favelas e periferias do Rio de Janeiro, autoridades públicas, além de jornalistas e comunicadores/as populares.
https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeQM8i9Ltl9y8jH7lpRQDh3Qy6wOnZphl_rbG6DAEcA3VJhtg/viewform
Escuta popular sobre letalidade policial e o impacto na infância
Data: 20 de fevereiro de 2024.
Hora: 10h
Local: Rua da Gamboa, 246, Santo Cristo, Rio de Janeiro-RJ.
Crédito da arte: Divulgação/Plataforma Dhesca.