Em 13 de novembro de 2024, a Praça dos Três Poderes, em Brasília, foi palco de duas explosões. O autor do ataque, Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, foi encontrado morto próximo ao STF após tentar ingressar no edifício com explosivos. Luiz, que sofria de transtornos psicológicos, era simpatizante de teorias conspiratórias e exibia opiniões políticas extremistas.
Nota de posicionamento coletiva
Na última quarta (13), a ADPF das Favelas foi pauta da sessão do STF. Nela, foi feita a leitura do relatório do Ministro Edson Fachin, seguida de sustentações orais do arguente, dos representantes do Estado do Rio de Janeiro, e dos amici curiae. Os trabalhos no Plenário foram encerrados por volta das 19h30.
Presentes à sessão, estavam mães que representam mais de uma dezena de movimentos de familiares de vítimas da violência de Estado, além de representantes de algumas das mais importantes instituições da sociedade civil do Rio de Janeiro e do país. Ao final dos trabalhos, o público se dirigiu à saída frontal do STF, quando foi surpreendido pelo ataque arquitetado por um extremista de direita ao STF.
O grupo buscou rapidamente guarida dentro das instalações do Supremo, orientados pela segurança do Tribunal, onde permaneceu até que fosse orientado a evacuar pelos fundos do prédio. Alguns membros da Coalizão puderam ver nitidamente o deslocamento do homem que atentava contra a Corte, e o momento em que ocorreu a explosão. Mães de vítimas da violência de Estado, que acompanhavam a sessão, passaram mal diante do nervosismo. Felizmente, ninguém se feriu.
A Coalizão da ADPF das Favelas condena veementemente a tentativa de atentado contra a Corte Constitucional Brasileira e a integridade de seus Ministros e Ministra. Entendemos que os acontecimentos desta quarta são mais um evento revelador do aprofundamento de discursos e ideologias extremistas, de forte inspiração fascista e de extrema-direita, que vem sendo dolosamente propagados no país.
Temos convicção da importância do papel que o STF tem cumprido para resguardar marcos democráticos, que, embora incompletos, foram duramente conquistados na história de nosso país. O arcabouço golpista que levou à instauração do inquérito sobre as fake news, e também sobre os eventos de 8 de janeiro, é o mesmo que embasa o populismo penal que promove o extermínio nas favelas e periferias brasileiras. São sobre premissas constitucionais que a ADPF das Favelas se assenta, e é nesta mesma defesa que repudiamos os ataques afrontosos à democracia brasileira, seja na Praça dos Três Poderes ou nas favelas de nosso país.
Crédito da foto de capa: Fábio Pozzebom/Agência Brasil.