Nota assinada pela Justiça Global, pela Articulação Internacional das Atingidas e Atingidos pela Vale, pela Justiça nos Trilhos, pelas Brigadas Populares, pelo Coletivo Margarida Alves e pelo Instituto PACS.
O Cacique, que pertencia ao povo Pataxó hã-hã-hãe, liderava uma retomada em Brumadinho, Minas Gerais, há cerca de três anos, desempenhando um papel fundamental na luta pela defesa dos direitos dos povos indígenas. A retomada vem enfrentando uma série de ordens de despejos e ameaças dos grandes empreendimentos, em especial da companhia Vale S.A, que em 2019 foi causadora do desastre ambiental que vitimou 272 pessoas e deixou 3 desaparecidas na região.
Segundo relatos de um membro da Comissão Pastoral da Terra (CPT) que tem atuação no estado e era próximo ao Cacique, Merong falava recentemente da sua intenção de aprofundar e intensificar as lutas em defesa das comunidades indígenas, não apenas de seu próprio povo, mas também de outras etnias, como os Kaingang, os Xokleng e os Guarani.
As organizações que subescrevem essa nota repudiam a liminar emitida pela justiça a pedido da Vale S.A para impedir o sepultamento do cacique Merong Kamakã-Mongoió. O desrespeito às tradições dos povos indígenas é uma constante em nosso país. Na madrugada de desta quarta-feira, aconteceu a cerimônia originária que devolveu para a terra o corpo deste grande lutador pelo direito à terra e à ancestralidade.
Nos solidarizamos com todos os familiares e amigos da liderança e ao povo Kamakã-Mongoió.
Cacique Merong Kamakã-Mongoió, presente!
Crédito da capa: Divulgação/Mandato da Deputada Federal Célia Xacriabá.