O Júri Popular do primeiro caso de federalização de crime contra os direitos humanos teve seu primeiro dia de atividades hoje em Recife-PE.
A Sessão do Tribunal do Júri na 36ª Vara da Justiça Federal de Pernambuco que apura a responsabilidade pelo assassinato do advogado popular e defensor de direitos humanos Manoel Mattos iniciou-se no horário previsto e contou com grande mobilização desde os primeiros momentos do dia.
Inicialmente foram utilizados vários artifícios para protelar o julgamento por parte dos advogados de defesa dos acusados, todos indeferidos pela Juíza que presidiu a Sessão. Após estes requerimentos, a Juíza realizou a análise dos pedidos de dispensa e impedimentos dos jurados presentes. Na composição do conselho de sentença houve necessidade de se proceder com o sorteio por mais de uma vez, resultando, enfim, na formação do corpo dos sete jurados, sendo destes quatro mulheres e três homens.
Seguindo os procedimentos, foi feita a leitura da Pronúncia dos cinco acusados de serem responsáveis pelo assassinato do defensor, continuando os trabalhos com os interrogatórios de todos durante toda a tarde e início da noite.
“A tarde foi extremamente positiva para nós. Os depoimentos dos acusados serviram para corroborar as teses da acusação, enquanto a defesa começou a desmoronar. Amanhã, esperamos poder expor aos jurados todas as fortes provas que temos nos autos”, disse Aton Fon Filho, assistente de acusação no caso, representando Nair Ávila, mãe de Manoel Mattos.
Muitas informações relevantes foram reveladas no decorrer dos interrogatórios, sobretudo quanto à existência de grupos de extermínio na região da fronteira entre Paraíba e Pernambuco; as relações entre os acusados; a responsabilidade da arma de fogo que vitimou Manoel Mattos, entre outras.
“A expectativa é que amanhã os debates se intensifiquem e possibilitem que os jurados tenham conhecimento de todas as provas produzidas no processo. As mesmas provas que foram analisadas e levaram o STJ a aprovar o Deslocamento de Competência e que permitiram fossem os réus trazidos ao plénario do Júri”, apontou a Dra. Ivana Farina, Presidente da Comissão Especial Manoel Mattos no Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH).