Violência política contra grupos racializados fragiliza a democracia, observa Justiça Global na ONU

A pesquisa ‘Violência Política e Eleitoral no Brasil’, desenvolvida pela Terra de Direitos e a Justiça Global e lançada nesta quinta-feira (03), identifica desproporcionalidades de gênero e raça.

Nesta sexta-feira (04/10) durante debate geral da 57ª sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, a Justiça Global destacou que, no Brasil, a violência política continua a acometer no Brasil sobretudo mulheres negras, candidatas ou já eleitas.O evento ocorre em Genebra, Suíça, entre 9 de setembro a 11 de outubro. 

Na intervenção de 90 segundos em vídeo, a organização destacou o caráter sistêmico do racismo no país. “Opera para a desumanização, subjugação e controle das pessoas de origem africana. Somado ao machismo, as mulheres negras são as mais vulnerabilidades”, acrescentou.

E defendeu a promoção de oportunidades equânimes e ações afirmativas, por exemplo, nos cargos de tomadas de decisão, especialmente a partir do pleito eleitoral para enfrentar as desigualdades.

“Um Estado que não cria condições para que os todos os seus grupos racializados (como negros, indígenas, ciganos e outros) tenham representantes demonstra uma fratura no processo democrático”, afirmou a assessora da Justiça Global, Emily Maya Almeida, em sua fala.

A organização pediu que ONU recomende que o Brasil:

  • a criação de políticas e ações com foco no combate à violência racial e de gênero;
  • o desenvolvimento de protocolos para tratar com transparência e celeridade os episódios de violência política e eleitoral que ocorrem nas casas legislativas e no poder executivo em todos os níveis,
  • e a criação de fundos para o apoio e a proteção de parlamentares vítimas de violência política, especialmente aqueles que envolvam racismo e suas interseccionalidades.

Veja na íntegra:

 

Pesquisa da Justiça Global e da Terra de Direito mostra que violência política afeta desproporcionalmente mulheres e pessoas negras

Na 3ª edição da pesquisa Violência Política e Eleitoral no Brasil, desenvolvida pelas organizações sociais Terra de Direitos e Justiça Global e lançada nesta quinta-feira (03), é possível identificar a forte tendência de crescimento de violência política no país em comparação aos anos anteriores.

Os dados apontam desproporcionalidades de gênero e de raça: a população branca responde por mais da metade (52%) dos casos de violência política no período analisado. Os homens brancos foram alvos de 84 casos de violência (28%) e mulheres brancas em 71 casos (23,7%). 

Em 23,7% dos casos de violência política foram os homens negros as vítimas (71 casos). Mulheres negras cisgêneras e transexuais foram alvo de 63 casos, totalizando 21% dos casos. 

Considerando a baixa representação de mulheres negras em cargos eletivos, o alto número de ocorrências contra elas é visto com preocupação pelas organizações.  

Para coleta de dados, as organizações realizaram busca ativa de notícias em buscadores de internet, nas redes sociais, veículos de notícias e o rastreamento automatizado de notícias em código Python.  

 

Foto da capa: Agência Brasil.

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