Vitória! Famílias recebem as chaves e são reassentadas em Piquiá da Conquista

A entrega das chaves, em 25 de outubro, foi uma conquista para as 312 famílias frente aos impactos da mineração e da siderurgia em Açailândia–MA.

Com os contratos assinados, o alívio no sorriso marcou os rostos de moradores de Piquiá de Baixo, bairro de Açailândia–MA, que vêm enfrentando as graves consequências da siderurgia e da mineração há cerca de 20 anos, ao receber as chaves do reassentamento.

A construção do bairro de Piquiá da Conquista, a 6km do local original, foi uma reivindicação da população decidida em 2008 como única saída possível frente aos impactos. Desde 2000, eles denunciam a poluição sonora, do ar, do solo e da água causada pelas atividades empresariais no local.

Crédito: Justiça nos Trilhos.

A medida foi uma saída para recuperar o bem-estar e saúde das atuais e próximas gerações. Nascido e criado em Piquiá de Baixo, o coordenador da Justiça nos Trilhos, lembra que ainda há lutas pela frente: “Essa ainda não é uma reparação integral. A luta agora é (…) que o terreno de Piquiá de Baixo se transforme em um Parque Ambiental para cuidar da natureza e da nossa memória, incluindo o cemitério da comunidade, escola e outros espaços, e isso seja um símbolo de resistência, superação e de não repetição”.

Memória Piquiá de Baixo. Crédito: Uriel Menezes.

 

Durante evento para entrega das chaves – que teve a presença do ministro das Cidades, Jader Filho, a representante da comunidade Andrea Machado leu uma carta-manifesto na qual apontou que as pessoas reassentadas já tinham casas, mas foram obrigadas a sair e, por isso, deveriam ser isentas das prestações das casas, geridas por meio do programa Minha Casa, Minha Vida – Entidades.

“Todo deslocamento forçado é a prova da mais grave violação de direitos, com impactos importantes na vida social, econômica e emocional das pessoas. No caso de Pequiá de Baixo, as famílias tinham suas casas e o rio era parte de suas subsistências. O aceite das condicionantes do Minha Casa, Minha Vida se deu com o compromisso das comunidades seguirem lutando pela isenção das prestações. As pessoas foram obrigadas a sair de suas casas por violações cometidas por empresas e por falta de devidas diligências dos órgãos públicos competentes”, disse Andrea Machado.

Ela lembrou de uma carta escrita pelo então presidente da associação, Edvar Dantas, endereçada a Lula em 2007, durante seu segundo mandato como presidente da República. Crianças dependentes de inaladores, acidentes frequentes, entre outros problemas. “Centenas de ofícios, petições, denúncias, reuniões e protestos foram feitas até chegarmos a esse momento. (…) O desenvolvimento econômico não pode subtrair vidas, afetar a saúde das pessoas ou agredir a Mãe Natureza. O desenvolvimento precisa ser para todo.

A organização menciona ainda que, apesar do alívio, o reassentamento ainda traz impactos emocionais e culturais. “Sabemos que é para o nosso bem, mas é doloroso deixar o lugar onde criamos nossos filhos, com nossos pés de fruta e nossas lembranças. Não podemos levar os quintais, o rio ou as árvores”, observa Raimunda, conhecida como Dona Doca.

 

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