75% das vítimas fatais durante operação policial no RJ são negras; Pesquisa revela que em 52% dos casos de mortes de crianças e adolescentes, vítimas entre 0 e 14 anos morreram em ação policial
Nesta terça-feira, 9, a Justiça Global participou do painel “Crianças e Conflitos Armados” na 46a Sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas. Na ocasião, foram denunciadas mortes de crianças e adolescentes negras, maiores vítimas da política genocida do Rio de Janeiro e a violência do Estado.
“O terrível histórico de violência contra as pessoas negras baseado em práticas coloniais de poder, reverberam, na contemporaneidade no alto número de homicídios no país que a cada ano vitimiza mais crianças. Pelo menos duas ao dia. Em geral, os dados sobre violência letal, incluídas as operações policiais, mostram que mais de 75% das vítimas são negras”, afirmou a pesquisadora Monique Cruz, durante a intervenção da Justiça Global.
Ainda durante a sua fala, Monique relembrou nomes como o de Maicon de Souza, assassinado aos 2 anos, durante uma ação da polícia, em 1996, e de Ágatha Félix, de 6 anos, em 2019. “Entre 2007 e 2019. Em 52% dos casos, as vítimas que tinham entre 0 e 14 anos de idade mortas por “balas perdidas” foram vitimadas em conflitos armados envolvendo policiais”, concluiu.
O período de sessões da ONU acontece entre os dias 22 de fevereiro e 23 de março, em Genebra, na Suíça. Esta sessão ocorre integralmente on-line, devido às medidas de distanciamento para conter o avanço da Covid-19. As sessões são presididas pela embaixadora Nazhat Shameem Khan, de Fiji.
Entre as discussões estão temas sobre integração dos direitos humanos, impactos da Covid-19, pena de morte e direitos das crianças e das pessoas com deficiência. Participam das reuniões especialistas, grupos e mecanismos de direitos humanos de mais de 50 países, entre eles o Brasil.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU é encarregado de fortalecer a promoção e proteção dos direitos humanos em todo o mundo.