O estado do Pará é um dos locais mais perigosos para quem luta pela terra e por direitos no Brasil, mas também é palco de muita resistência. Os dias 23 e 24 de maio são lembrados por dois tristes episódios da nossa história: o assassinato de Maria do Espírito Santo Silva e José Claudio Ribeiro e o Massacre de Pau D’arco.
Maria do Espírito Santo Silva e seu companheiro José Cláudio Ribeiro foram executados numa emboscada feita por pistoleiros no Assentamento Agroextrativista Praia Alta-Piranheira, onde viviam, no município de Nova Ipixuna, em 23 de maio de 2011. O casal atuava na defesa da floresta como forma de subsistência e na criação de uma reserva extrativista no assentamento, onde existia uma das últimas áreas nativas de castanha-do-pará na região. Eram herdeiros da luta travada por Chico Mendes, Irmã Dorothy e tantos outras defensoras e defensores de direitos socioambientais, que pagaram com as suas próprias vidas a defesa da floresta e de formas de viver mais integradas ao meio ambiente.
Há 3 anos, dez trabalhadores rurais foram brutalmente assassinados no município de Pau D’arco, durante operação das polícias militar e civil com a justificativa de cumprimento de mandados judiciais. A ação ocorreu na Fazenda Santa Lúcia, que havia sido novamente ocupada por trabalhadores rurais sem-terra no dia anterior. Entre os mortos, estava Jane Júlia de Almeida, liderança do acampamento e a única mulher, assassinada com um tiro no rosto.
Relembrar esses tristes episódios é também de uma forma de homenagear estas trabalhadoras e trabalhadores rurais e defensoras e defensores de direitos humanos que deram suas vidas para conquistar um pedaço de terra e viver com dignidade.
Aos nossos mortos, nenhum minuto de silêncio, mas toda uma vida de luta!