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INTERNACIONAL: Armas brasileiras são usadas para coibir protestos populares no Peru
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A Justiça Global rechaça a conivência do Estado brasileiro com as violações ao direito à manifestação no Peru, onde, desde dezembro do ano passado, eclodiram intensos protestos pela renúncia da presidenta Dina Boluarte. Entre as armas e munições usadas para coibir e silenciar as reivindicações populares estão as da empresa brasileira Condor, que forneceu cerca de 30 mil bombas de gás lacrimogêneo ao país.
O uso excessivo e letal da força pela Polícia Nacional do Peru e o exército têm acirrado a crise no país e provocado um número aterrador de pessoas mortas, feridas e presas. O Peru chegou a decretar Estado de Emergência em nove dos 25 departamentos, inclusive em Lima. A medida restringe os direitos constitucionais relativos à inviolabilidade de domicílio, liberdade de circulação, reunião e segurança pessoal.
Ao autorizar a exportação de armas e munições ao Peru, o Estado brasileiro se torna conivente com as violações de direitos humanos ocorridas no país. Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou um pedido do governo da Alemanha para que o Brasil fornecesse munição de tanques que seriam repassados à Ucrânia. Declarando ainda que trabalhará em busca da paz. Nesse sentido, clamando pela coerência política, solicitamos ao presidente Lula que não permita que a sua indústria nacional lucre com violações fora ou dentro do Brasil.
A Justiça Global presta solidariedade ao povo peruano e às organizações de direitos humanos que estão na linha de frente para a mitigação das violências. A liberdade de manifestação e de expressão são direitos garantidos na Convenção Americana de Direitos Humanos.
Justiça Global, liga filiada à Federação Internacional dos Direitos Humanos.