

Testemunhas, companheiros de acampamento e parentes dos dez trabalhadores rurais mortos no Massacre de Pau D’Arco estão com medo e sob grande risco com a decisão do juiz substituto Jun Kubota, tomada hoje, de conceder a liberdade aos 13 policiais acusados do crime. A prisão temporária havia sido pedida há um mês, mas o Ministério Público solicitou a prorrogação ontem (7), enquanto conclui o inquérito no qual apresentará a denúncia formal contra os acusados. A reclusão era exatamente uma estratégia para assegurar que as investigações seguissem sem interferência, assim como para resguardar todas as pessoas envolvidas no caso.
A liberação dos acusados se torna ainda mais estranha por ter ido em uma direção completamente oposta da tomada pelo juiz titular da vara, Haroldo Fonseca; Kubota assumiu o caso por causa das férias dele. O promotor Leonardo Jorge Lima Caldas lamenta a decisão e deixa claro que ela afetará as investigações. “Temos diversas testemunhas que apenas falaram após a prisão temporária. As investigações caminharam muito após isso. A soltura dos acusados certamente afetará o nosso trabalho”, afirma o promotor, que é um dos três que cuidam da investigação.
Outro elemento que causou surpresa foi a decisão de Kubota de determinar a soltura imediata dos 11 policiais militares e dois policiais civis que estão detidos; o prazo de 30 dias da primeira decisão, na realidade, só se esgota na quinta-feira. De todo modo, o Ministério Público já deixou claro que vai recorrer da decisão no Tribunal de Justiça. “A nossa expectativa é de que o desembargador que assumir o caso reveja a decisão da primeira instância, entendendo a gravidade da situação”, explica o promotor.