O pequeno município de Morro do Pilar (MG), que abriga quase 20% da área do Parque Nacional da Serra do Cipó, está ameaçado por um projeto de mineração de R$ 6,6 bilhões que pode impactar ainda mais os recursos hídricos da região num contexto de seca no estado, além de atingir comunidades tradicionais. A licença para o início das obras pode ser dada nesta quinta-feira (6/11) pelo governo de Minas Gerais e, caso se concretize, o projeto vai atrair até 6 mil homens ao município de pouco mais de 3 mil habitantes apenas em sua fase de construção.
O empreendimento da mineradora Manabi S.A. consiste em um complexo mina com mineroduto, porto para extração, beneficiamento, transporte e exportação do minério de ferro. A empresa pretende explorar a região por 20 anos e extrair mais de 125 milhões de toneladas do material. Um mineroduto seria construído cortando 23 municípios até o litoral do Espírito Santo, causando profundo impacto em áreas de comunidades indígenas e quilombolas que seriam diretamente atingidas pelo empreendimento. Além disso, se autorizada, a obra vai destruir 8,5 km da Estrada Real, construída em 1718, e aumentar ainda mais a crise hídrica do Estado, já que são utilizados centenas de litros por segundo para conduzir o minério extraído até o porto através do mineroduto.
A decisão está a cargo do Conselho Estadual de Política Ambiental do Jequitinhonha formado por governo, setor produtivo e sociedade civil, que se reúne nesta quinta-feira (6) em Diamantina (MG). O licenciamento já foi retirado da pauta em reuniões anteriores por pressão do Ministério Público Estadual, mas ao que tudo indica será aprovado nesta quinta. No mês passado, o mesmo conselho deu a licença de operação da Anglo American no projeto Minas-Rio, apesar de condicionantes não cumpridas e graves denúncias de contaminação de água por parte dos moradores.
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