No dia 6 de maio de 2021, 28 pessoas foram assassinadas durante uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro na favela do Jacarezinho. No marco de um ano desta chacina, a mais letal promovida por agentes policiais no estado, diversos movimentos e moradores da localidade se uniram para a construção de um memorial em homenagem aos mortos e à luta de suas famílias por verdade na apuração dos fatos.
Nesta quarta-feira(11), a Polícia Civil do Rio de Janeiro arbitrariamente destruiu o memorial construído coletivamente em homenagem às «vítimas da política genocida e racista do estado do Rio de Janeiro», como anunciava o monumento. E o fizeram sob justificativas espúrias de apologia ao tráfico de drogas, em uma tentativa explícita de criminalização não apenas das vítimas da chacina, mas todos movimentos, organizações, defensoras e defensores de direitos humanos que se envolveram na realização desta instalação.
Não basta arrancarem as nossas vísceras, querem também nos tirar o direito à memória. Não basta imporem sigilo aos autos, arquivarem despudoradamente os inquéritos, destróem também a marretadas o direito de toda uma comunidade de contar a sua história e de velar, uma vez mais, os seus mortos. Não basta desrespeitarem e violarem até o últimos dos direitos, querem calar as vozes que se insurgem, querem vilipendiar o luto.
Em um ato explícito de racismo institucional, o governo do Rio de Janeiro define quais memórias devem ser preservadas e quais devem ser esquecidas e violentadas. Hoje, todos os mortos na Chacina foram revitimizados.
A Justiça Global se une aos familiares, moradores do Jacarezinho, aos movimentos, organizações e todos os realizadores do memorial em repúdio à bárbara destruição protagonizada pela Polícia Civil. Continuaremos em luta por memória, verdade e justiça para todos os mortos da chacina do Jacarezinho.
Chacina nunca mais!
Justiça Global