O ouro é o mineral mais associado a riqueza, vitória a beleza. A história por trás de como esse metal chega a medalhas, joias e alianças, todavia, esconde destruição e envenenamentos, seja da natureza ou de comunidades tradicionais. É isso que revela o relatório «Violação de Direitos – O caso da empresa Kinross em Paracatu», lançado nesta segunda-feira (dia 11) pela Justiça Global, que trata da maior mina de ouro do país, pertencente à empresa canadense Kinross, localizada na cidade de Minas Gerais. Três comunidades quilombolas foram diretamente afetadas pela expansão do empreendimento, sendo que duas tiveram seu território destruído para o uso do complexo minerário. Segundo relatos de quilombolas, o processo de expulsão envolveu práticas intimidatórias e acordos sem paridade de informações e condições de negociação.
A degradação da terra e a poluição das fontes de água era, no entanto, uma realidade mesmo antes da remoção das comunidades de Amaros e Machadinho, e permanece uma violação constante para São Domingos, única que ainda mantém-se em seu território. As violações de direitos associadas à atividade extrativa na mina Morro do Ouro, em Paracatu, também incluem a perseguição a pessoas que se insurgem e denunciam, a afetação à saúde em decorrência da poluição, a degradação ambiental e completa fragilização das atividades econômicas e modos de vida tradicionais.