Quilombolas em greve de fome no Maranhão são ignorados pelos governos federal e estadual

Desde dia 08 de junho quilombolas de vária comunidades do Maranhão ocuparam a sede do Incra, em São luís, para pressionar devido a lentidão nos processos de regularização fundiária. Oito quilombolas (cinco mulheres e três homens) entraram em greve de fome para chamar atenção sobre a situação de conflito e urgência em relação a pauta quilombola no Maranhão.

Manifestantes na sede do Incra

Plenária na noite desta terça feira, 16, entrando no oitavo dia de greve de fome de oito membros de comunidades camponesas, indígenas e quilombolas do Maranhão no final da tarde – no final da tarde, esteve presente uma equipe da Secretaria de Saaúde, que avaliou os grevistas, que seguem acompanhaados por uma comissão do movvimento.

A plenária iniciou a discussão de uma proposta que finalmente foi apresentada pelo Incra nacional. A discussão segue, ponto a ponto em relação a pauta de reivindicações, na manhã desta quarta, de forma a assegurar os direitos das comunidades quilombolas, indígenas e camponesas do maranhão, conforme apresentado não apenas desde o primeiro momento de ocupação, quanto há anos reivindicada sem ser atendida, segundo exigem os grevistas. Ainda pela manhã também deverá ser estabelecido contato com os representantes do órgão e, à tarde, com o Ministério Público federal.
#SomoTodosQuilombolas#

Veja abaixo a nota assinada por diversos movimentos e organizações em solidariedade ao acampamento Bem Viver

Diante da indiferença das autoridades constituídas (federais e estaduais), oito pessoas permanecem, há seis dias, em greve de fome, na sede do INCRA, em São Luís do Maranhão. São elas: Valdenilde Gamela (indígena, 25 anos), Maria Doracy Ferreira (quilombola, 36 anos), Maria da Conceição (Concinha, quilombola, 46 anos), Antônio Pereira (camponês, 52 anos) Naildo Braga (quilombola, 33 anos), Deusdeth Martins (quilombola, 53 anos), Lurdilene de Jesus (quilombola, 25 anos) e Ivonete Galvão (quilombola, 44 anos). Todos e todas na foto ao lado (Jornal Vias de Fato).

A greve de fome coletiva foi definida após uma assembleia geral. Esse ato extremo representa a urgência do cumprimento das pautas apresentadas pelo movimento. A origem do problema está no caráter genocida e racista do estado brasileiro, com o qual o governo Dilma esta comprometido. As ações deste governo privilegiam seus compromissos com o modelo de desenvolvimento voltado para os grandes projetos, agronegócio e latifúndio. Isso resulta no total sucateamento dos órgãos que deveriam executar a política fundiária em favor dos povos e comunidades tradicionais.

De maneira vergonhosa, o INCRA, na única audiência que teve com o movimento, ocorrida na sexta-feira (12/06), deixou claro seu descaso em atender às reivindicações, ao enviar um funcionário sem qualquer poder de decisão.

Além disso, o governador Flávio Dino, com sua submissão ao modelo de desenvolvimento hegemônico e seu discurso de “mudança”, está omisso frente ao sacrifício e mobilização das comunidades quilombolas, indígenas e camponesas, com uma atuação que revela sua relação com a estrutura oligárquica do Maranhão.

Assim, qualquer dano à saúde e à vida dos grevistas é de inteira responsabilidade da presidenta Dilma Rousseff, do governador Flávio Dino e do ministro Patrus Ananias, que até aqui têm se mostrado indiferentes e insensíveis diante deste ato.

14 de junho de 2015

Assinam:

Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Cáritas Brasileira Regional Maranhão, Associação dos Professores da UFMA (APRUMA), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Jornal Vias de Fato, Sociedade Maranhense dos Direitos Humanos, Irmãs de NotreDame de Namur, CSP-CONLUTAS, Teia de Povos e Comunidades Tradicionais,Grupo de Estudos Desenvolvimento, Meio Ambiente e Modernidade (GEDMA), Articulação Nacional Quilombola, Movimento Quilombo Raça e Classe, Quilombo Urbano, Movimento Quilombo Brasil, Movimento Luta Popular, Coletivo Mandacaru, SINTRAJUF GESERMES/UFMA, GEPOILIS/UFMA, NERA/UFMA, LIDA/UEMA, LEPEC/UFPE, Movimento Mulheres em Luta, PSTU, Movimento Eu Quero uma Casa no Campus, ANEL, Centro Acadêmico de Direito (UFMA) – Gestão Fagulhas e CAGEQ/UFMA, Núcleo de Extensão e Pesquisa com populações e comunidades Rurais, Negras, Quilombolas e Indígenas (NuRuNI) da UFMA e Associação Nacional de Ação Indigenista (ANAI).

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