Congratulações e aplausos à barbárie. É assim que Rodrigo Amorim, o deputado que rasgou a placa com o nome de Marielle Franco, pretende homenagear os policiais militares que participaram da operação que deixou 15 mortos nas favelas do Fallet, Fogueteiro, Prazeres e Coroa. Em tempos de franco regresso de padrões mínimos de humanidade, é preciso defender o óbvio: a maior chacina da cidade do Rio de Janeiro nos últimos 12 anos não deve ser objeto de louros, mas de rigorosa e célere investigação e responsabilização dos agentes envolvidos.
Mesmo sob medo de represálias e sob o brutal abalo emocional, moradores e familiares apresentaram relatos terríveis de tortura e execução de pessoas rendidas. As cenas da casa onde dez jovens foram executados, lavada pelo sangue e perfurada pelos tiros, já deveriam ser evidências mais do que suficientes para impedir a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro de conceder qualquer honraria. A prática de desfazimento da cena do crime, recorrente em casos de violência policial nas favelas do Rio de Janeiro, impossibilitando a correta perícia do local, mais uma vez foi adotada.
A Justiça Global se solidariza com a dor de familiares e moradores, reitera a necessidade de célere investigação dos fatos, e repudia a concessão de qualquer homenagem que elogie a violência de Estado.
(Rodrigo Amorim posou quebrando a placa que leva o nome da vereadora e defensora de direitos humanos Marielle Franco na eleição)